Em janeiro deste ano, a Apple levou a Qualcomm à Justiça dos EUA por se sentir prejudicada nas negociações envolvendo o licenciamento de modems LTE para os iPhones — a fabricante de chips estaria cobrando preços abusivos e exigindo porcentagens nas vendas de seus smartphones.
A Qualcomm respondeu no mesmo dia, dizendo que a Maçã estaria “interpretando mal os fatos propositalmente” e nesta segunda-feira (10) contra-atacou de maneira mais contundente: a companhia protocolou uma ação com 139 páginas, em que responde às acusações e pede por reparação de danos.
“Nos últimos 10 anos a Apple atuou de forma significante na chegada dos benefícios da tecnologia móvel aos consumidores, com seus conhecidos produtos e serviços. Mas ela não conseguiria ter criado sua incrível franquia de iPhones, que a tornou a mais lucrativa companhia do mundo — e mais de 90% dos lucros vêm de seus smartphones —, sem depender fundamentalmente das tecnologias celulares da Qualcomm”, destaca o documento, assinado pelo vice-presidente executivo Don Rosenberg.
Em um do trechos, a fabricante de chips frisa que a gigante de Cupertino “teria escolhido não utilizar a alta performance de recursos dos chipsets Qualcomm para o iPhone 7, impedindo os consumidores de aproveitar todas as extensões das inovações”.
No ano passado, especialistas descobriram que os iPhone 7 e iPhone 7 Plus contratados por meio de serviços norte-americanos da Verizon e da Sprint usam modems Qualcomm X12, enquanto os suportados pela AT&T e T-Mobile utilizam os IntelXMM 3360.
Como o produto da Qualcomm roda a 600Mbps e o da Intel chega a 450Mbps, a Apple teria forçado a equiparação da velocidade para que os serviços das operadoras de telefonia não exibissem desempenhos diferentes. A Maçã alega que mais de um fornecedor garante estoque e também menor preço.
Cinco pontos fundamentais
O texto da Qualcomm expõe 35 defesas de “toda e qualquer alegação” que a Apple protocolou em seu processo em janeiro.
A companhia cita mais de US$ 40 bilhões em pesquisa e desenvolvimento nas últimas três décadas e uma folha salarial com mais de 20 mil engenheiros empregados.
Em seguida, ela destaca os cinco principais argumentos de sua ação contra a Maçã:
Violação de acordos e a caracterização equivocada de acordos e negociações;
Interferência em acordos de longa data da Qualcomm com fabricantes licenciados de iPhones e iPads;
Encorajamento de ataques regulares contra os negócios da Qualcomm em várias jurisdições de todo o mundo, com deturpação de fatos e declarações falsas;
A escolha de não usar desempenho completo dos chips de modem da Qualcomm no iPhone 7, o que descaracterizou o desempenho entre iPhones com produtos Qualcomm em comparação com os mesmos aparelhos rodando itens fornecidos pela concorrência;
Ameaças à Qualcomm na tentativa de impedir que a companhia faça qualquer comparação pública sobre o desempenho superior dos iPhones que utilizam seus chips;
E agora?
A Qualcomm cobra na Justiça várias compensações e declarações por parte da Maçã — como verba por danos relativos a quebras contratuais de trabalho e afirmação pública sobre acordos, entre outras.
O valor da verba total disso tudo não foi informado.
A Apple ainda não respondeu à essa investida da fabricantes de chips e deve fazer isso em breve.
Continuamos de olho para relatar o desenrolar desse caso.